O nome do vulcão que está a causar estes problemas todos no tráfego aéreo
europeu é Eyjafjallajökull (quero ver quem tem coragem para pronunciar este
nome), que em islandês significa : estamos arranjados !
algumas explicações do acontecimento aqui:
http://astropt.org/blog/2010/04/15/eyjafjallajokull/
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"Um espectro paira na Europa, é o espectro do comunismo". Começa assim o Manifesto de Marx e de Engels. Desta vez, porém, o espectro é outro: é o da crise geral do capitalismo, a qual, longe de ter acabado ou, sequer, amainado, demonstra uma agressividade...
> "Um espectro paira na Europa, é o espectro do comunismo". Começa assim o Manifesto de Marx e de Engels. Desta vez, porém, o espectro é outro: é o da crise geral do capitalismo, a qual, longe de ter acabado ou, sequer, amainado, demonstra uma agressividade arrepiante. A Europa está a sentir, porventura de forma mais atroz, as parcelas dessa crise. O caso grego é exemplar porque se vai continuar em outros países, deixando um rasto de pavor, de susto e de miséria.
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> Esta crise, aliás, demonstrou, uma vez mais que a Europa social e solidária é um mito e uma aldrabice que alguns tentam manter através de remendos. As generosas ideias daqueles que pensaram num continente forte, coeso e unido, goraram-se com fragor. E acontece um porém: os actuais dirigentes europeus não possuem estatura de estadistas nem estirpe de líderes. A luta de poder inclina-se, cada vez mais, para a Alemanha, e esvai-se o conceito de orientação tripartida, com a França e a Itália nas outras pontas.
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> A senhora Merkel não está propriamente hipotecada à inteligência, e tanto Sarkozy como Berluscoli não são de tomar a sério, embora tenham desgraçado os seus países e uma certa ideia de Europa. A birra da dirigente alemã, quanto a apoiar a Grécia é significativa do mal-estar que se oculta em discursos muito inflamados e vazios de conteúdo. Sejamos sérios: a União Europeia é uma ruína, e as ameaças externas que sobre os seus restos pairam não são despiciendos. Nem os Estados Unidos e muito menos as grandes multinacionais alguma vez estiveram interessados na existência de um bloco económico e financeiro forte e representativo.
> As agências de informação e de espionagem há muito que actuam para o fim do projecto. E a crise financeira norte-americana que, por arrasto, afectou algumas economias mundiais, não todas, não vê com bons olhos o reerguer europeu.
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> A birra de Merkel só o é porque outros interesses a apoiam e incitam. Ao bater o pé à ajuda à Grécia ela adverte da impossibilidade de acorrer a outras crises, ao mesmo tempo que vai avisando quem é que manda por aqui. E o pobre do Durão Barroso, que teria, acaso possuísse o porte de político sólido, a oportunidade de mostrar carácter e decisão, escoa-se em discursos vagos e tristes.
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> Portugal está na decorrência desta crise e, talvez, no olho da tempestade. A gravidade da situação tem-nos sido dissimulada, tanto pelo primeiro-ministro como pelo ministro das Finanças, embora fiscalistas e economistas da importância de Medina Carreira, Silva Lopes, Hernâni Lopes ou Octávio Teixeira tenham vindo a público dizer-nos que o rei vai nu.
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> Uma situação desta natureza e gravidade exige um lato entendimento entre todos os partidos, todos sem excepção. O encontro entre Passos Coelho e Sócrates pode ter utilidade prática, mas é, notoriamente, escasso, se forem excluídos das conversações o PCP, o Bloco de Esquerda e o CDS. Mesmo assim, penso que o Governo deveria alargar o leque de opiniões, convidando para um debate mais amplo não apenas economistas mas outros sábios dos diferentes sectores do conhecimento, inclusive antigos Presidentes da República.
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> Muito se tem falado, com grave assunção ou displicente verbo, das ameaças à democracia. Elas estão em toda a parte. Sabe-se que esta crise violenta do capitalismo não se conclui mantendo tudo na mesma. E é essa perspectiva de alteração e de mudança do sistema que preocupa quem dele vive: as transnacionais, cujo poder é muito superior ao dos Governos, e não estão dispostas a ceder, sem luta feroz, os seus privilégios, que aumentaram exponencialmente, com a globalização e a implosão do comunismo.
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> Portugal é outra experiência, como o foi no 25 de Abril e no que se seguiu ao processo revolucionário. Um laboratório de ensaios implacáveis, exactamente por ser o elo mais fraco. Medina Carreira, há meses, esclareceu, com a autoridade que se lhe reconhece e a coragem exemplar que demonstra, a natureza do que se preparava para o nosso país. Acrescido, obviamente, a torpe incompetência e da sobranceria sem par de quem tem dirigido Portugal nos últimos tempos. Foi taxado de pessimista. Ele só dizia a verdade que se nos ocultava. O resultado está à vista e tudo indica que as coisas vão ser muito piores. Sobretudo para as classes mais desfavorecidas.
Numa época e num País onde dominam os valores do consumismo, e onde "gestores" auferem vencimentos escandalosos e bónus obscenos, que respostas é possível dar, com a urgência e a proficiência necessárias? Não se trata, aqui, de manter ou de sustentar o Governo de Sócrates. Trata-se, isso sim, de recusar a humilhação que se nos prepara. Há que tocar a reunir.
b.bastos@netcabo.pt
(enviado pelo colaborador do blogue Manuel Madeira)
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